quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Campeonato de tênis de mesa na UME Carmelita

Foi com grande alegria que
os alunos participaram do 1º
Campeonato de Tênis de
Mesa. O vencedor foi o
aluno Jonatha Bezerra dos
Santos. Parabéns pelas pessoas
e que participaram da
brincadeira professores, equipe
técnica e funcionários. Foi uma
manhã muito especial.
Os alunos torceram por seus
professores e a brincadeira foi
muito divertida. Esta etapa teve
como vencedora a professora
Rosana Alvarez. Parabéns a
todos pela participação.
Foi com grande alegria que
os alunos participaram do 1º
Campeonato de Tênis de
Mesa. O vencedor foi o
aluno Jonatha Bezerra dos
Santos. Parabéns pelo empenho!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Atividades desenvolvidas com meus alunos especiais ilustrando práticas de inclusão

Nas aulas de artes meus alunos participam dos grupos que são formados para desenvolver atividades de pintura em tela, mosaicos e cartazes feitos com dobraduras, onde todos realizam a atividade trabalhando em equipe.Os trabalhos são expostos no mural da escola.

Outro momento são nas aulas de Ingles, onde os alunos sentam em dupla para fazerem atividades no livro  com datas comemorativas, onde cada dupla tem que montar a atividade proposta pelo livro e ao final da aula devem mostra para seus colagas da sala.

Ao realiza um ditado de palavras na sala, os alunos inclusos, realizam o ditado , porem o professor titular da sala fala as palavras devagar e soletrando de forma que eles possam escrever ao seu tempo. Ao final da atividade  os alunos vão para a lousa um de cada vez, escrever a palavra fazendo a correção.

domingo, 23 de outubro de 2011

blogs interessantes

nanaeducação.blogspot.com

saberesensino.blogspot.com

intervençãoespacial.blogspot.com
Adaptações para os materiais escolares





A tecnologia assistiva é um auxílio que promoverá a ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização da função desejada e que se encontra impedida por circunstância de deficiência.
Não deve se voltar unicamente a promover uma habilidade no aluno, fazendo com que ele realize tarefas como as de seus colegas. A TA na educação será o meio pelo qual esse aluno possa fazer do seu jeito e assim ele se tornará ativo no seu processo de desenvolvimento e aquisição de conhecimentos.

Dicas de algumas adaptações de jogos e materiais escolares:

-Jogos Variados


Jogos utilizados em sala de aula também podem sofrer adaptações para que o aluno consiga participar com autonomia.
-Quebra-cabeças com velcro.

-Jogos das cores- confeccionados com tampinhas coloridas, caixa de papelão, papel contact, velcro, folhas coloridas e latas revestidas de cores. O aluno brinca fazendo a correspondência das cores e depois pode explorar outros conceitos como quantidades.

-Jogos de Matemáticas-Tampinhas, cartões plastificados,velcro e desafios matemáticos.


-Jogos estimulam a Leitura e Escrita-confeccionados com cubos de madeira,letras em EVA,tampinhas,figuras,impressas,papelão,contact,velcro.

-Escrita
Caso o aluno se canse muito ou não consiga escrever utilizando o lápis ou a caneta, mesmo, adaptados, poderemos pensar em outras soluções para a escrita.
Levando em conta à habilidade de preensão do aluno e também ao seu controle motor.



-Engrossadores de Lápis
Pode ser feito com espuma macia,emborrachados(EVA),Uma bola de borracha encontrada em farmácias e que faz parte do “sugador de leite.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Inclusão Escolar

Todas as crianças são bem-vindas à escola

Maria Teresa Eglér Mantoan
Universidade Estadual de Campinas / Unicamp
Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Reabilitação de Pessoas
com Deficiência - LEPED/ FE/ Unicamp

A inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito distorcido e um
movimento muito polemizado pelos mais diferentes segmentos educacionais e
sociais. No entanto, inserir alunos com déficits de toda ordem, permanentes
ou temporários, mais graves ou menos severos no ensino regular nada mais é
do que garantir o direito de todos à educação - e assim diz a Constituição !
Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. As grandes inovações
estão, muitas vezes na concretização do óbvio, do simples, do que é possível
fazer, mas que precisa ser desvelado, para que possa ser compreendido por
todos e aceito sem outras resistências, senão aquelas que dão brilho e vigor
ao debate das novidades.
O objetivo de nossa participação neste evento é clarear o sentido da inclusão,
como inovação, tornando-o compreensível, aos que se interessam pela
educação como um direito de todos, que precisa ser respeitado. Pretendemos,
também demonstrar a viabilidade da inclusão pela transformação geral das
escolas, visando a atender aos princípios deste novo paradigma educacional.
Para descrever o nosso caminho na direção das escolas inclusivas vamos
focalizar nossas experiências, no cenário educacional brasileiro sob três
ângulos : o dos desafios provocados por essa inovação, o das ações no sentido
de efetivá-la nas turmas escolares, incluindo o trabalho de formação de
professores e, finalmente o das perspectivas que se abrem à educação
escolar, a partir de sua implementação.

UMA EDUCAÇÃO PARA TODOS
O princípio democrático da educação para todos só se evidencia nos sistemas
educacionais que se especializam em todos os alunos, não apenas em alguns
deles, os alunos com deficiência. A inclusão, como consequência de um ensino
de qualidade para todos os alunos provoca e exige da escola brasileira novos
posicionamentos e é um motivo a mais para que o ensino se modernize e para
que os professores aperfeiçoem as suas práticas. É uma inovação que implica
num esforço de atualização e reestruturação das condições atuais da maioria
de nossas escolas de nível básico.
O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova perspectiva para
as pessoas com deficiência é, sem dúvida, a qualidade de ensino nas escolas
públicas e privadas, de modo que se tornem aptas para responder às
necessidades de cada um de seus alunos, de acordo com suas especificidades,
sem cair nas teias da educação especial e suas modalidades de exclusão.
O sucesso da inclusão de alunos com deficiência na escola regular decorre,
portanto, das possibilidades de se conseguir progressos significativos desses
alunos na escolaridade, por meio da adequação das práticas pedagógicas à
diversidade dos aprendizes. E só se consegue atingir esse sucesso, quando a
escola regular assume que as dificuldades de alguns alunos não são apenas
deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado, a
aprendizagem é concebida e avaliada. Pois não apenas as deficientes são
excluídas, mas também as que são pobres, as que não vão às aulas porque
trabalham, as que pertencem a grupos discriminados, as que de tanto repetir
desistiram de estudar.

OS DESAFIOS
Toda criança precisa da escola para aprender e não para marcar passo ou ser
segregada em classes especiais e atendimentos à parte. A trajetória escolar
não pode ser comparada a um rio perigoso e ameaçador, em cujas águas os
alunos podem afundar. Mas há sistemas organizacionais de ensino que tornam
esse percurso muito difícil de ser vencido, uma verdadeira competição entre a
correnteza do rio e a força dos que querem se manter no seu curso principal.
Um desses sistemas, que muito apropriadamente se denomina "de cascata",
prevê a exclusão de algumas crianças, que têm déficits temporários ou
permanentes e em função dos quais apresentam dificuldades para aprender.
Esse sistema contrapõe-se à melhoria do ensino nas escolas, pois mantém
ativo, o ensino especial, que atende aos alunos que caíram na cascata, por
não conseguirem corresponder às exigências e expectativas da escola regular.
Para se evitar a queda na cascata, na maioria das vezes sem volta, é preciso
remar contra a correnteza, ou seja, enfrentar os desafios da inclusão : o
ensino de baixa qualidade e o subsistema de ensino especial, desvinculadae
justaposto ao regular.
Priorizar a qualidade do ensino regular é, pois, um desafio que precisa ser
assumido por todos os educadores. É um compromisso inadiável das escolas,
pois a educação básica é um dos fatores do desenvolvimento econômico e
social. Trata-se de uma tarefa possível de ser realizada, mas é impossível de
se efetivar por meio dos modelos tradicionais de organização do sistema
escolar.
Se hoje já podemos contar com uma Lei Educacional que propõe e viabiliza
novas alternativas para melhoria do ensino nas escolas, estas ainda estão
longe, na maioria dos casos, de se tornarem inclusivas, isto é, abertas a todos
os alunos, indistinta e incondicionalmente. O que existe em geral são projetos
de inclusão parcial, que não estão associados a mudanças de base nas escolas
e que continuam a atender aos alunos com deficiência em espaços escolares
semi ou totalmente segregados (classes especiais, salas de recurso, turmas de
aceleração, escolas especiais, os serviços de itinerância).
As escolas que não estão atendendo alunos com deficiência em suas turmas
regulares se justificam, na maioria das vezes pelo despreparo dos seus
professores para esse fim. Existem também as que não acreditam nos
benefícios que esses alunos poderão tirar da nova situação, especialmente os
casos mais graves, pois não teriam condições de acompanhar os avanços dos
demais colegas e seriam ainda mais marginalizados e discriminados do que nas
classes e escolas especiais.
Em ambas as circunstâncias, o que fica evidenciado é a necessidade de se
redefinir e de se colocar em ação novas alternativas e práticas pedagógicas,
que favoreçam a todos os alunos, o que, implica na atualização e
desenvolvimento de conceitos e em aplicações educacionais compatíveis com
esse grande desafio.
Muda então a escola ou mudam os alunos, para se ajustarem às suas velhas
exigências ? Ensino especializado em todas as crianças ou ensino especial para
deficientes? Professores que se aperfeiçoam para exercer suas funções,
atendendo às peculiaridades de todos os alunos, ou professores especializados
para ensinar aos que não aprendem e aos que não sabem ensinar?

AS AÇÕES
Visando os aspectos organizacionais
Ao nosso ver é preciso mudar a escola e mais precisamente o ensino nelas
ministrado. A escola aberta para todos é a grande meta e, ao mesmo tempo, o
grande problema da educação na virada do século.
Mudar a escola é enfrentar uma tarefa que exige trabalho em muitas frentes.
Destacaremos as que consideramos primordiais, para que se possa transformar
a escola , em direção de um ensino de qualidade e, em consequência,
inclusivo.
Temos de agir urgentemente:
feita para fazer com que todos os alunos aprendam;
colocando a aprendizagem como o eixo das escolas, porque escola foi
repetência;
garantindo tempo para que todos possam aprender e reprovando a
criatividade e o espírito crítico sejam exercitados nas escolas, por
professores, administradores, funcionários e alunos, pois são
habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania;
abrindo espaço para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a
o responsável pela tarefa fundamental da escola - a aprendizagem dos
alunos;
estimulando, formando continuamente e valorizando o professor que é
concursos públicos de ingresso, acesso e remoção de professores.
Que ações implementar para que a escola mude ?
Para melhorar as condições pelas quais o ensino é ministrado nas escolas,
visando, universalizar o acesso, ou seja, a inclusão de todos,
incondicionalmente, nas turmas escolares e democratizar a educação,
sugerimos o que, felizmente, já está ocorrendo em muitas redes de ensino,
verdadeiras vitrines que expõem o sucesso da inclusão.
A primeira sugestão para que se caminhe para uma educação de qualidade é
estimular as escolas para que elaborem com autonomia e de forma
participativa o seu Projeto Político Pedagógico, diagnosticando a demanda, ou
seja, verificando quantos são os alunos, onde estão e porque alguns estão fora
da escola.
Sem que a escola conheça os seus alunos e os que estão à margem dela, não
será possível elaborar um currículo escolar que reflita o meio social e cultural
em que se insere. A integração entre as áreas do conhecimento e a concepção
transversal das novas propostas de organização curricular consideram as
disciplinas acadêmicas como meios e não fins em si mesmas e partem do
respeito à realidade do aluno, de suas experiências de vida cotidiana, para
chegar à sistematização do saber.
Como essa experiência varia entre os alunos, mesmo sendo membros de uma
mesma comunidade, a implantação dos ciclos de formação é uma solução
justa, embora ainda muito incompreendida pelos professores e pais, por ser
uma novidade e por estar sendo ainda pouco difundida e aplicada pelas redes
de ensino. De fato, se dermos mais tempo para que os alunos aprendam,
eliminando a seriação, a reprovação, nas passagens de um ano para outro,
estaremos adequando o processo de aprendizagem ao ritmo e condições de
desenvolvimento dos aprendizes - um dos princípios das escolas de qualidade
para todos
Por outro lado, a inclusão não implica em que se desenvolva um ensino
individualizado para os alunos que apresentam déficits intelectuais,
problemas de aprendizagem e outros, relacionados ao desempenho escolar.
Na visão inclusiva, não se segregam os atendimentos, seja dentro ou fora das
salas de aula e, portanto, nenhum aluno é encaminhado à salas de reforço ou
aprende, a partir de currículos adaptados. O professor não predetermina a
extensão e a profundidade dos conteúdos a serem construídos pelos alunos,
nem facilita as atividades para alguns, porque, de antemão já prevê q
dificuldade que possam encontrar para realizá-las. Porque é o aluno que se
adapta ao novo conhecimento e só ele é capaz de regular o seu processo de
construção intelectual.
A avaliação constitui um outro entrave à implementação da inclusão. É
urgente suprimir o caráter classificatório da avaliação escolar, através de
notas, provas, pela visão diagnóstica desse processo que deverá ser contínuo e
qualitativo, visando depurar o ensino e torná-lo cada vez mais adequado e
eficiente à aprendizagem de todos os alunos. Essa medida já diminuiria
substancialmente o número de alunos que são indevidamente avaliados e
categorizados como deficientes, nas escolas regulares.
A aprendizagem como o centro das atividades escolares e o sucesso dos
alunos, como a meta da escola, independentemente do nível de desempenho
a que cada um seja capaz de chegar são condições de base para que se
caminha na direção de escolas acolhedoras. O sentido desse acolhimento não
é o da aceitação passiva das possibilidades de cada um, mas o de serem
receptivas a todas as crianças, pois as escolas existem, para formar as novas
gerações, e não apenas alguns de seus futuros membros, os mais privilegiados.
A inclusão não prevê a utilização de métodos e técnicas de ensino específicas
para esta ou aquela deficiência. Os alunos aprendem até o limite em que
conseguem chegar, se o ensino for de qualidade, isto é, se o professor
considera o nível de possibilidades de desenvolvimento de cada um e explora
essas possibilidades, por meio de atividades abertas, nas quais cada aluno se
enquadra por si mesmo, na medida de seus interesses e necessidades, seja
para construir uma idéia, ou resolver um problema, realizar uma tarefa. Eis aí
um grande desafio a ser enfrentado pelas escolas regulares tradicionais, cujo
paradigma é condutista, e baseado na transmissão dos conhecimentos.
O trabalho coletivo e diversificado nas turmas e na escola como um todo é
compatível com a vocação da escola de formar as gerações. É nos bancos
escolares que aprendemos a viver entre os nossos pares, a dividir as
responsabilidades, repartir as tarefas. O exercício dessas ações desenvolve a
cooperação, o sentido de se trabalhar e produzir em grupo, o reconhecimento
da diversidade dos talentos humanos e a valorização do trabalho de cada
pessoa para a consecução de metas comuns de um mesmo grupo.
O tutoramento nas salas de aula tem sido uma solução natural, que pode
ajudar muito os alunos, desenvolvendo neles o hábito de compartilhar o
saber. O apoio ao colega com dificuldade é uma atitude extremamente útil e
humana e que tem sido muito pouco desenvolvida nas escolas, sempre tão
competitivas e despreocupadas com a a construção de valores e de atitudes
morais.
Além dessas sugestões, referentes ao ensino nas escolas, a educação de
qualidade para todos e a inclusão implicam em mudanças de outras condições
relativas à administração e aos papéis desempenhados pelos membros da
organização escolar.
Nesse sentido é primordial que sejam revistos os papéis desempenhados pelos
diretores e coordenadores, no sentido de que ultrapassem o teor controlador,
fiscalizador e burocrático de suas funções pelo trabalho de apoio, orientação
do professor e de toda a comunidade escolar.
A descentralização da gestão administrativa, por sua vez, promove uma maior
autonomia pedagógica, administrativa e financeira de recursos materiais e
humanos das escolas, por meio dos conselhos, colegiados, assembléias de pais
e de alunos. Mudam-se os rumos da administração escolar e com isso o
aspecto pedagógico das funções do diretor e dos coordenadores e supervisores
emerge. Deixam de existir os motivos pelos quais que esses profissionais ficam
confinados aos gabinetes, às questões burocráticas, sem tempo para conhecer
e participar do que acontece nas salas de aula.
elaborando planos de cargos e aumentando salários, realizando
Visando a formação continuada dos professores
Sabemos que, no geral, os professores são bastante resistentes às inovações
educacionais, como a inclusão. A tendência é se refugiarem no impossível,
considerando que a proposta de uma educação para todos é válida, porém
utópica, impossível de ser concretizada com muitos alunos e nas
circunstâncias em que se trabalha, hoje, nas escolas, principalmente nas
redes públicas de ensino.
A maioria dos professores têm uma visão funcional do ensino e tudo o que
ameaça romper o esquema de trabalho prático que aprenderam a aplicar em
suas salas de aula é rejeitado. Também reconhecemos que as inovações
educacionais abalam a identidade profissional, e o lugar conquistado pelos
professores em uma dada estrutura ou sistema de ensino, atentando contra a
experiência, os conhecimentos e o esforço que fizeram para adquiri-los.
Os professores, como qualquer ser humano, tendem a adaptar uma situação
nova às anteriores. E o que é habitual, no caso dos cursos de formação inicial
e na educação continuada, é a separação entre teoria e prática. Essa visão
dicotômica do ensino dificulta a nossa atuação, como formadores. Os
professores reagem inicialmente à nossa metodologia, porque estão
habituados a aprender de maneira incompleta, fragmentada e essencialmente
instrucional. Eles esperam aprender uma prática inclusiva, ou melhor, uma
formação que lhes permita aplicar esquemas de trabalho pré-definidos às suas
salas de aulas, garantindo-lhes a solução dos problemas que presumem
encontrar nas escolas inclusivas.
Em uma palavra, os professores acreditam que a formação em serviço lhes
assegurará o preparo de que necessitam para se especializarem em todos os
alunos, mas concebem essa formação como sendo mais um curso de extensão,
de especialização com uma terminalidade e com um certificado que lhes
convalida a capacidade de efetivar a inclusão escolar. Eles introjetaram o
papel de praticantes e esperam que os formadores lhes ensinem o que é
preciso fazer, para trabalhar com níveis diferentes de desempenho escolar,
transmitindo-lhes os novos conhecimentos, conduzindo-lhes da mesma
maneira como geralmente trabalham com seus próprios alunos. Acreditam que
os conhecimentos que lhes faltam para ensinar as crianças com deficiência ou
dificuldade de aprender por outras incontáveis causas referem-se
primordialmente à conceituação, etiologia, prognósticos das deficiências e
que precisam conhecer e saber aplicar métodos e técnicas específicas para a
aprendizagem escolar desses alunos. Os dirigentes das redes de ensino e das
escolas particulares também pretendem o mesmo, num primeiro momento,
em que solicitam a nossa colaboração.
Se de um lado é preciso continuar investindo maciçamente na direção da
formação de profissionais qualificados, não se pode descuidar da realização
dessa formação e estar atento ao modo pelo qual os professores aprendem
para se profissionalizar e para aperfeiçoar seus conhecimentos pedagógicos,
assim como reagem às novidades, aos novos possíveis educacionais.
A metodologia
Diante dessas circunstâncias e para que possamos atingir nossos propósitos de
formar professores para uma escola de qualidade para todos, idealizamos um
projeto de formação que tem sido adotado por redes de ensino públicas e
escolas particulares brasileiras, desde 1991.
Nossa proposta de formação se baseia em princípios educacionais
construtivistas, pois reconhecemos que a cooperação, a autonomia intelectual
e social, a aprendizagem ativa e a cooperação são condições que propiciam o
desenvolvimento global de todos os alunos, assim como a capacitação e o
aprimoramento profissional dos professores.
Nesse contexto, o professor é uma referência para o aluno e não apenas um
mero instrutor, pois enfatizamos a importância de seu papel tanto na
construção do conhecimento, como na formação de atitudes e valores do
futuro cidadão. Assim sendo, a formação continuada vai além dos aspectos
instrumentais de ensino.
A metodologia que adotamos reconhece que o professor, assim como o seu
aluno, não aprendem no vazio. Assim sendo, partimos do "saber fazer" desses
profissionais, que já possuem conhecimentos, experiências, crenças,
esquemas de trabalho, ao entrar em contato com a inclusão ou qualquer outra
inovação.
Em nossos projetos de aprimoramento e atualização do professor
consideramos fundamental o exercício constante de reflexão e o
compartilhamento de idéias, sentimentos, ações entre os professores,
diretores, coordenadores da escola. Interessam-nos as experiências concretas,
os problemas reais, as situações do dia-a-dia que desequilibram o trabalho,
nas salas de aula. Eles são a matéria-prima das mudanças. O questionamento
da própria prática, as comparações, a análise das circunstâncias e dos fatos
que provocam perturbações e/ou respondem pelo sucesso vão definindo,
pouco a pouco, aos professores as suas "teorias pedagógicas". Pretendemos
que os professores sejam capazes de explicar o que outrora só sabiam
reproduzir, a partir do que aprendiam em cursos, oficinas, palestras,
exclusivamente. Incentivamos os professores para que interajam com seus
colegas com regularidade, estudem juntos, com e sem o nosso apoio técnico e
que estejam abertos para colaborar com seus pares, na busca dos caminhos
pedagógicos da inclusão
.
O fato de os professores fundamentarem suas práticas e argumentos
pedagógicos no senso comum dificulta a explicitação dos problemas de
aprendizagem. Essa dificuldade pode mudar o rumo da trajetória escolar de
alunos que muitas vezes são encaminhados indevidamente para as
modalidades do ensino especial e outras opções segregativas de atendimento
educacional.
Daí a necessidade de se formarem grupos de estudos nas escolas, para a
discussão e a compreensão dos problemas educacionais, à luz do
conhecimento científico e interdisciplinarmente, se possível. Os grupos são
organizados espontaneamente pelos próprios professores, no horário em que
estão nas escolas e são acompanhados, inicialmente, pela equipe da rede de
ensino, encarregada da coordenação das ações de formação. As reuniões têm
como ponto de partida, as necessidades e interesse comuns de alguns
professores de esclarecer situações e de aperfeiçoar o modo como trabalham
nas salas de aula. O foco dos estudos está na resolução dos problemas de
aprendizagem, o que remete à análise de como o ensino está sendo
ministrado, pois o processo de construção do conhecimento é interativo e os
seus dois lados devem ser analisados, quando se quer esclarecê-lo.
Participam dos grupos, além dos professores, o diretor da escola,
coordenadores, mas há grupos que se formam entre membros de diversas
escolas, que estejam voltados para um mesmo tema de estudo, como por
exemplo a indisciplina, a sexualidade, a ética e a violência, a avaliação e
outros assuntos pertinentes.
A equipe responsável pela coordenação da formação é constituída por
professores, coordenadores, que são da própria rede de ensino, e por
parceiros de outras Secretarias afins: Saúde, Esportes, Cultura. Nós
trabalhamos diretamente com esses profissionais, mas também participamos
do trabalho nas escolas, acompanhando-as esporadicamente, quando somos
solicitados - minha equipe de alunos e eu.
Os Centros de Desenvolvimento do Professor
Algumas redes de ensino criaram o que chamamos de Centros de
Desenvolvimento do Professor, os quais representam um avanço nessa nova
direção de formação continuada, que estamos propondo, pois sediam a
maioria das ações de aprimoramento da rede, promovendo eventos de
pequeno, médio e grande porte, como workshops, seminários, entrevistas,
com especialistas, fóruns e outras atividades. Sejam atendendo
individualmente, como em pequenos e grandes grupos os professores, pais,
comunidade. Os referidos Centros também se dedicam ao encaminhamento e
atendimento de alunos que necessitam de tratamento clínico, em áreas que
não sejam a escolar, propriamente dita.
Temos estimulado em todas as redes em que atuamos a criação dos centros,
pois ao nosso ver, eles resumem o que pretendemos, quando nos referimos à
formação continuada - um local em que o professor e toda comunidade
escolar vem para realimentar o conhecimento pedagógico, além de servir
igualmente aos alunos e a todos os interessados pela educação, no município.
Ao nosso ver, os cursos e demais atividades de formação em serviço,
habitualmente oferecidos aos professores não estão obtendo o retorno que o
investimento propõe. Temos insistido na criação desses Centros, porque a
existência de seus serviços redireciona o que já é usual nas redes de ensino,
ou seja, o apoio ao professor, pelos itinerantes. Não concordamos com esse
suporte a alunos e professores com dificuldades, porque "apagam incêndio",
agem sobre os sintomas, oferecem soluções particularizadas, locais, mas não
vão à fundo no problema e suas causas. Os serviços itinerantes de apoio não
solicitam o professor, no sentido de que se mobilize, de que reveja sua
prática. Sua existência não obriga o professor a assumir a responsabilidade
pela aprendizagem de todos os alunos, pois já existe um especialista para
atender aos caso mais difíceis, que são os que justamente fazem o professor
evoluir, na maneira de proceder com a turma toda. Porque se um aluno não
vai bem, seja ele uma pessoa com ou sem deficiência, o problema precisa ser
analisado não apenas com relação às reações dessa ou de outra criança, mas
ao grupo como um todo, ao ensino que está sendo ministrado, para que os
alunos possam aprender, naquele grupo.
A itinerância não faz evoluir as práticas, o conhecimento pedagógico dos
professores. Ë, na nossa opinião, mais uma modalidade da educação especial
que acomoda o professor do ensino regular, tirando-lhe a oportunidade de
crescer, de sentir a necessidade de buscar soluções e não aguardar que
alguém de fora venha, regularmente, para resolver seus problemas. Esse
serviço igualmente reforça a idéia de que os problemas de aprendizagem são
sempre do aluno e que ó o especialista poderá se incumbir de removê-los,
com adequação e eficiência.
O tipo de formação que estamos implementando para tornar possível a
inclusão implica no estabelecimento de parcerias entre professores, alunos,
escolas, profissionais de outras áreas afins, Universidades, para que possa se
manter ativa e capaz de fazer frente às inúmeras solicitações que essa
modalidade de trabalho provoca nos interessados. Por outro lado, essas
parcerias ensejam o desenvolvimento de outras ações, entre as quais a
investigação educacional e em outros ramos do conhecimento. São nessas
redes e a partir dessa formação que estamos pesquisando e orientando
trabalhos de nossos alunos de graduação e pós-graduação da Faculdade de
Educação / Unicamp e onde estamos observando os efeitos desse trabalho,
nas redes.
Não dispensamos os cursos, oficinas e outros eventos de atualização e de
aperfeiçoamento, quando estes são reinvindicados pelo professor e nesse
sentido a parceria com outros grupos de pesquisa da Unicamp e colegas de
outras Universidades têm sido muito eficiente. Mas há cursos que oferecemos
aos professores, que são ministrados por seus colegas da própria rede, quando
estes se dispõe a oferecê-los ou são convidados por nós, ao conhecermos o
valor de sua contribuição para os demais.
As escolas e professores com os quais estamos trabalhando já apresentam
sintomas pelos quais podemos perceber que estão evoluindo dia -a- dia para
uma Educação de qualidade para Todos. Esses sintomas podem ser resumidos
no que segue:
enriquecedor do processo de ensino e aprendizagem;
reconhecimento e valorização da diversidade, como elemento
aprendizagem de todos os alunos;
professores conscientes do modo como atuam, para promover a
da escola;
cooperação entre os implicados no processo educativo - dentro e fora
valorização do processo sobre o produto da aprendizagem;
possibilita, a construção coletiva do conhecimento.
É preciso, contudo, considerar que a avaliação dos efeitos de nossos projetos
não se centram no aproveitamento de alguns alunos, os deficientes, nas
classes regulares. Embora estes casos sejam objeto de nossa atenção,
queremos acima de tudo saber se os professores evoluíram na sua maneira de
fazer acontecer a aprendizagem nas suas salas de aula; se as escolas se
transformaram, se as crianças estão sendo respeitadas nas suas possibilidades
de avançar, autonomamente, na construção dos conhecimentos acadêmicos;
se estes estão sendo construídos no coletivo escolar, em clima de
solidariedade; se a as relações entre as crianças, pais, professores e toda a
comunidade escolar se estreitaram, nos laços da cooperação, do diálogo,
fruto de um exercício diário de compartilhamento de seus deveres,
problemas, sucessos.
enfoques curriculares, metodológicos e estratégias pedagógicas que
Outras alternativas de formação
Para ampliar essas parcerias estamos utilizando também as redes de
comunicação à distância para intercâmbios de experiências entre alunos e
profissionais da educação, pais e comunidade. Embora ainda incipiente, o
Caleidoscópio - Um Projeto de Educação Para Todos é o nosso site na Internet
e por meio deste hipertexto estamos trabalhando no sentido de provocar a
interatividade presencial e virtual entre as escolas, como mais uma
alternativa de formação continuada, que envolve os alunos, as escolas e a
rede como um todo. O Caleidoscópio tem sido objeto de estudos de nossos
alunos e de outras unidades da Unicamp, relacionadas à ciência da
computação e está crescendo como proposta e abrindo canais de participação
com a comunidade e com outras instituições que se propõe a participar do
movimento inclusivo, dentro e fora das escolas.
Se pretendemos mudanças nas práticas de sala de aula, não podemos
continuar formando e aperfeiçoando os professores como se as inovações só se
referissem à aprendizagem dos alunos da educação infantil, da escola
fundamental e do ensino médio...

AS PERSPECTIVAS
A escola para a maioria das crianças brasileiras é o único espaço de acesso aos
conhecimentos universais e sistematizados, ou seja, é o lugar que vai lhes
proporcionar condições de se desenvolver e de se tornar um cidadão , alguém
com identidade social e cultural
Melhorar as condições da escola é formar gerações mais preparadas para viver
a vida na sua plenitude, livremente, sem preconceitos, sem barreiras. Não
podemos nos contradizer nem mesmo contemporizar soluções, mesmo que o
preço que tenhamos de pagar seja bem alto, pois nunca será tão alto quanto o
resgate de uma vida escolar marginalizada, uma evasão, uma criança
estigmatizada, sem motivos.
A escola prepara o futuro e de certo que se as crianças conviverem e
aprenderem a valorizar a diversidade nas suas salas de aula, serão adultos
bem diferentes de nós, que temos de nos empenhar tanto para defender o
indefensável.
A inclusão escolar remete a escola a questões de estrutura e de
funcionamento que subvertem seus paradigmas e que implicam em um
redimensionamento de seu papel, para um mundo que evolui a "bytes".
O movimento inclusivo, nas escolas, por mais que seja ainda muito
contestado, pelo caráter ameaçador de toda e qualquer mudança,
especialmente no meio educacional, é irreversível e convence a todos pela
sua lógica, pela ética de seu posicionamento social.
A inclusão está denunciando o abismo existente entre o velho e o novo na
instituição escolar brasileira. A inclusão é reveladora dessa distância que
precisa ser preenchida com as ações que relacionamos anteriormente.
Assim sendo, o futuro da escola inclusiva está, ao nosso ver, dependendo de
uma expansão rápida dos projetos verdadeiramente embuídos do compromisso
de transformar a escola, para se adequar aos novos tempos.
Se hoje ainda são experiências locais, as que estão demonstrando a
viabilidade da inclusão, em escolas e redes de ensino brasileiras, estas
experiências têm a força do óbvio e a clareza da simplicidade e só essas
virtudes são suficientes para se antever o crescimento desse novo paradigma
no sistema educacional.
Não se muda a escola com um passe de mágica.
A implementação da escola de qualidade, que é igualitária, justa e acolhedora
para todos, é um sonho possível.
A aparente fragilidade das pequenas iniciativas, ou seja, essas experiências
locais que têm sido suficientes para enfrentar o poder da máquina
educacional, velha e enferrujada, com segurança e tranquilidade. Essas
iniciativas têm mostrado a viabilidade da inclusão escolar nas escolas
brasileiras.
As perspectivas do ensino inclusivo são, pois, animadoras e alentadoras para a
nossa educação. A escola é do povo, de todas as crianças, de suas famílias,
das comunidade, em que se inserem.
Crianças, bem-vindas à uma nova escola !

Integração x Inclusão: Escola (de qualidade) para
Todos
Maria Teresa Eglér Mantoan
Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Educação
Departamento de Metodologia de Ensino
Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade -
LEPED/UNICAMP
Sabemos que a situação atual do atendimento às necessidades escolares da
criança brasileira é responsável pelos índices assustadores de repetência e
evasão no ensino fundamental. Entretanto, no imaginário social, como na
cultura escolar, a incompetência de certos alunos - os pobres e os deficientes
- para enfrentar as exigências da escolaridade regular é uma crença que
aparece na simplicidade das afirmações do senso comum e até mesmo em
certos argumentos e interpretações teóricas sobre o tema.
Por outro lado, já se conhece o efeito solicitador do meio escolar regular no
desenvolvimento de pessoas com deficiências (Mantoan:1988) e é mesmo um
lugar comum afirmar-se que é preciso respeitar os educandos em sua
individualidade, para não se condenar uma parte deles ao fracasso e às
categorias especiais de ensino. Ainda assim, é ousado para muitos, ou melhor,
para a maioria das pessoas, a idéia de que nós, os humanos, somos seres
únicos, singulares e que é injusto e inadequado sermos categorizados, a
qualquer pretexto!
Todavia, apesar desses e de outros contra-sensos, sabemos que é normal a
presença de déficits em nossos comportamentos e em áreas de nossa atuação,
pessoal ou grupal, assim como em um ou outro aspecto de nosso
desenvolvimento físico, social, cultural, por sermos seres perfectíveis, que
constróem, pouco a pouco e, na medida do possível, suas condições de
adaptação ao meio. A diversidade no meio social e, especialmente no
ambiente escolar, é fator determinante do enriquecimento das trocas, dos
intercâmbios intelectuais, sociais e culturais que possam ocorrer entre os
sujeitos que neles interagem.
Acreditamos que o aprimoramento da qualidade do ensino regular e a adição
de princípios educacionais válidos para todos os alunos, resultarão
naturalmente na inclusão escolar dos deficientes. Em consequência, a
educação especial adquirirá uma nova significação. Tornar-se-á uma
modalidade de ensino destinada não apenas a um grupo exclusivo de alunos, o
dos deficientes, mas especializada no aluno e dedicada à pesquisa e ao
desenvolvimento de novas maneiras de se ensinar, adequadas à
heterogeneidade dos aprendizes e compatível com os ideais democráticos de
uma educação para todos.
Nessa perspectiva, os desafios que temos a enfrentar são inúmeros e toda e
qualquer investida no sentido de se ministrar um ensino especializado no
aluno depende de se ultrapassar as condições atuais de estruturação do ensino
escolar para deficientes. Em outras palavras, depende da fusão do ensino
regular com o especial.
Ora, fusão não é junção, justaposição, agregação de uma modalidade à outra.
Fundir significa incorporar elementos distintos para se criar uma nova
estrutura, na qual desaparecem os elementos iniciais, tal qual eles são
originariamente. Assim sendo, instalar uma classe especial em uma escola
regular nada mais é do que uma justaposição de recursos, assim como o são
outros, que se dispõem do mesmo modo.
Outros obstáculos à consecução de um ensino especializado no aluno,
implicam a adequação de novos conhecimentos oriundos das investigações
atuais em educação e de outras ciências às salas de aula, às intervenções
tipicamente escolares, que têm uma vocação institucional específica de
sistematizar os conhecimentos acadêmicos, as disciplinas curriculares. De
fato, nem sempre os estudos e as comprovações científicas são diretamente
aplicáveis à realidade escolar e as implicações pedagógicas que podemos
retirar de um novo conhecimento também precisam de ser testadas, para
confirmar sua eficácia no domínio do ensino escolar.
O paradigma vigente de atendimento especializado e segregativo é
extremamente forte e enraizado no ideário das instituições e na prática dos
profissionais que atuam no ensino especial. A indiferenciação entre os
significados específicos dos processos de integração e inclusão escolar reforça
ainda mais a vigência do paradigma tradicional de serviços e muitos
continuam a mantê-lo, embora estejam defendendo a integração!
Ocorre que os dois vocábulos - integração e inclusão - conquanto tenham
significados semelhantes, estão sendo empregados para expressar situações
de inserção diferentes e têm por detrás posicionamentos divergentes para a
consecução de suas metas. A noção de integração tem sido compreendida de
diversas maneiras, quando aplicada à escola. Os diversos significados que lhe
são atribuídos devem-se ao uso do termo para expressar fins diferentes, sejam
eles pedagógicos, sociais, filosóficos e outros. O emprego do vocábulo é
encontrado até mesmo para designar alunos agrupados em escolas especiais
para deficientes, ou mesmo em classes especiais, grupos de lazer, residências
para deficientes. Por tratar-se de um constructo histórico recente, que data
dos anos 60, a integração sofreu a influência dos movimentos que
caracterizaram e reconsideraram outras idéias, como as de escola, sociedade,
educação. O número crescente de estudos referentes à integração escolar e o
emprego generalizado do termo têm levado a muita confusão a respeito das
idéias que cada caso encerra.
Os movimentos em favor da integração de crianças com deficiência surgiram
nos países nórdicos (Nirje, 1969), quando se questionaram as práticas sociais e
escolares de segregação, assim como as atitudes sociais em relação às pessoas
com deficiência intelectual.
A noção de base em matéria de integração é o princípio de normalização, que
não sendo específico da vida escolar, atinge o conjunto de manifestações e
atividades humanas e todas as etapas da vida das pessoas, sejam elas afetadas
ou não por uma incapacidade, dificuldade ou inadaptação. A normalização
visa tornar accessível às pessoas socialmente desvalorizadas condições e
modelos de vida análogos aos que são disponíveis de um modo geral ao
conjunto de pessoas de um dado meio ou sociedade; implica a adoção de um
novo paradigma de entendimento das relações entre as pessoas fazendo-se
acompanhar de medidas que objetivam a eliminação de toda e qualquer
forma de rotulação.
Modalidades de inserção
Uma das opções de integração escolar denomina-se mainstreaming, ou seja,
"corrente principal" e seu sentido é análogo a um canal educativo geral, que
em seu fluxo vai carregando todo tipo de aluno com ou sem capacidade ou
necessidade específica. O aluno com deficiência mental ou com dificuldades
de aprendizagem, pelo conceito referido, deve ter acesso à educação, sua
formação sendo adaptada às suas necessidades específicas. Existe um leque
de possibilidades e de serviços disponíveis aos alunos, que vai da inserção nas
classes regulares ao ensino em escolas especiais. Este processo de integração
se traduz por uma estrutura intitulada sistema de cascata, que deve favorecer
o "ambiente o menos restritivo possível", dando oportunidade ao aluno, em
todas as etapas da integração, transitar no "sistema", da classe regular ao
ensino especial. Trata-se de uma concepção de integração parcial, porque a
cascata prevê serviços segregados que não ensejam o alcance dos objetivos da
normalização.
De fato, os alunos que se encontram em serviços segregados muito raramente
se deslocam para os menos segregados e, raramente, às classes regulares. A
crítica mais forte ao sistema de cascata e às políticas de integração do tipo
mainstreaming afirma que a escola oculta seu fracasso, isolando os alunos e só
integrando os que não constituem um desafio à sua competência (Doré et
alii.,1996). Nas situações de mainstreaming nem todos os alunos cabem e os
elegíveis para a integração são os que foram avaliados por instrumentos e
profissionais supostamente objetivos. O sistema se baseia na individualização
dos programas instrucionais, os quais devem se adaptar às necessidades de
cada um dos alunos, com deficiência ou não.
A outra opção de inserção é a inclusão, que questiona não somente as
políticas e a organização da educação especial e regular, mas também o
conceito de integração - mainstreaming. A noção de inclusão não é
incompatível com a de integração, porém institue a inserção de uma forma
mais radical, completa e sistemática. O conceito se refere à vida social e
educativa e todos os alunos devem ser incluídos nas escolas regulares e não
somente colocados na "corrente principal". O vocábulo integração é
abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de
alunos que já foram anteriormente excluídos; a meta primordial da inclusão é
a de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo. As
escolas inclusivas propõem um modo de se constituir o sistema educacional
que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em
função dessas necessidades. A inclusão causa uma mudança de perspectiva
educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam
dificuldades na escola, mas apoia a todos: professores, alunos, pessoal
administrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. O
impacto desta concepção é considerável, porque ela supõe a abolição
completa dos serviços segregados (Doré et alii. 1996). A metáfora da inclusão
é a do caleidoscópio. Esta imagem foi muito bem descrita no que segue: "O
caleidoscópio precisa de todos os pedaços que o compõem. Quando se retira
pedaços dele, o desenho se torna menos complexo, menos rico. As crianças se
desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado"
(Forest et Lusthaus, 1987 : 6).
A inclusão propiciou a criação de inúmeras outras maneiras de se realizar a
educação de alunos com deficiência mental nos sistemas de ensino regular,
como as "escolas heterogêneas" (Falvey et alii., 1989), as "escolas
acolhedoras" (Purkey et Novak, 1984), os "currículos centrados na
comunidade" (Peterson et alii.,1992).
Resumindo, a integração escolar, cuja metáfora é o sistema de cascata, é
uma forma condicional de inserção em que vai depender do aluno, ou seja, do
nível de sua capacidade de adaptação às opções do sistema escolar, a sua
integração, seja em uma sala regular, uma classe especial, ou mesmo em
instituições especializadas. Trata-se de uma alternativa em que tudo se
mantém, nada se questiona do esquema em vigor. Já a inclusão institui a
inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática, uma vez que o
objetivo é incluir um aluno ou grupo de alunos que não foram anteriormente
excluídos. A meta da inclusão é, desde o início não deixar ninguém fora do
sistema escolar, que terá de se adaptar às particularidades de todos os alunos
para concretizar a sua metáfora - o caleidoscópio.
Considerações finais
De certo que a inclusão se concilia com uma educação para todos e com um
ensino especializado no aluno, mas não se consegue implantar uma opção de
inserção tão revolucionária sem enfrentar um desafio ainda maior : o que
recai sobre o fator humano. Os recursos físicos e os meios materiais para a
efetivação de um processo escolar de qualidade cedem sua prioridade ao
desenvolvimento de novas atitudes e formas de interação, na escola, exigindo
mudanças no relacionamento pessoal e social e na maneira de se efetivar os
processos de ensino e aprendizagem. Nesse contexto, a formação do pessoal
envolvido com a educação é de fundamental importância, assim como a
assistência às famílias, enfim, uma sustentação aos que estarão diretamente
implicados com as mudanças é condição necessária para que estas não sejam
impostas, mas imponham-se como resultado de uma consciência cada vez
mais evoluída de educação e de desenvolvimento humano.